Eu derramei o vinho, minhas mãos tremiam
eu lambi o vinho do chão suado com meu coração machucado
fluente em dor, sua voz treme em meu coração
o medo me afasta de tua boca
você estava nos meus sonhos, você era meu anjo
que bebia em meus seios o vinho puro do amor
a noite escorre entre meus dedos como o vinho derramado
manchas vermelhas nas paredes do meu peito
engasgo com as palavras não ditas
seus olhos são taças vazias que não consigo preencher
danço sozinha em meio aos cacos de vidro dos nossos silêncios
o gosto amargo da espera fermenta em minha língua
você me embriaga mesmo ausente
meu corpo é uma adega abandonada guardando memórias que ainda não aconteceram
de quando seus lábios provaram minha pele como se fosse o último gole
agora tremo na abstinência de seu toque
enquanto as horas gotejam lentamente como vinho em ferida aberta
e eu me afogo em sonhos cor de borgonha
Eu delirio nas nuvens te desejando.
Luciana A.Schlei