quinta-feira, 19 de dezembro de 2024

sábado, 7 de dezembro de 2024

Me proibiu de falar em rosas....

 | por pensar que era unica dona do jardim.|

      (Ela inteiramente ja havia roubado a Rosa de outros lugares e acreditava ser unica dona).


Há tantos jardins e rosas 

Tantas prosas. 

Mas sua obsessão por rosas

É sem fim.

Morda-me ou Delire

 ... suplemento de passagens secretas.

 Sou teu delirio,teu sonho

Toque seus labios em minha nuca

Ou esqueça -me em teus sonhos.

sábado, 30 de novembro de 2024

Meu amigo Lobo dos olhos âmbar

 Tenho um amigo lobo,

um eremita das florestas,
morador de uma morada solitária,
engolida pelo abraço da natureza.

É uma alma silente,
que degusta o néctar rubro do vinho,
e deixa seu uivo cortar o véu da noite,
uma oferenda à lua cheia.

Meu amigo lobo,
carrega a alma despida,
transparente como o cristal.

Mas por que tanto exílio?
Olha o arrebol tingir o firmamento,
com lágrimas que escorrem do ontem.
O presente é um eco distante,
esquecido nos confins do agora.

Ele coleciona retratos desbotados,
vestígios de lobas que partiram,
fugiram para estados além,
deixando rastros na memória.

O amor, uma dor cravada no peito,
não conhece epílogo.
Como um devoto do sofrimento,
ele se desfaz, gota a gota,
alimentando-se de lembranças.

Um canceriano, prisioneiro da sina,
que abraça o espinho da saudade,
e dança na chuva das suas próprias lágrimas.

terça-feira, 26 de novembro de 2024

Noturna Nômade





Sob o manto aveludado da noite,
Ela desperta, eternamente jovem.
Seus olhos, poços de séculos vividos,
Brilham com o fogo de mil luas.

Vampira boêmia, alma errante,
Dança entre sombras e luz de velas.
Seu sangue, vinho tinto envelhecido,
Embriaga-se de arte e liberdade.

Com unhas pintadas de escarlate,
Dedilha violinos fantasmagóricos.
Sua voz, um sussurro de eras passadas,
Canta baladas de amor imortal.

Nos cafés à meia-noite,
Conspira com poetas e pintores.
Sua pele de mármore reflete
O brilho efêmero de vidas mortais.

De cidade em cidade vagueia,
Caravana de um só membro.
Leva consigo apenas memórias
E uma sede insaciável por experiências.

Seus beijos, doces como absinto,
Embriagam almas desavisadas.
Mas seu coração, ah, seu coração,
Pertence à estrada e ao horizonte distante.

Nas noites de lua cheia,
Dança fogueiras com espíritos ciganos.
Seu vestido de seda negra rodopia,
Misturando-se às sombras da floresta.

Vampira, boêmia, cigana,
Três almas em um corpo eterno.
Imortal, porém sempre em busca
Da essência fugaz da vida.


segunda-feira, 25 de novembro de 2024

Sonhei com ovelhas de cor bordô




Sonhei com ovelhas de cor bordô,

rebordosa estava eu, inquieta.

Neste teatro onírico do subconsciente,
onde o absurdo dança com o sublime,
vi-me pastoreando pensamentos carmesins,
cada balido, um enigma a ser decifrado.

Rebordosa, sim - à beira de um precipício de ideias,
onde a lã se tece com fios de inquietação.
Será que conto ovelhas para dormir,
ou elas me contam para que eu desperte?

Em um mundo onde o normal é cinza,
sonhar em bordô é um ato de rebeldia.
Que mistérios se escondem nestes sonhos pigmentados?
Que verdades se revelam nesta inquietude noturna?

Acordo, e o mundo parece desbotado.
Mas em algum lugar, além do horizonte da consciência,
um rebanho bordô pasta serenamente,
esperando meu retorno ao reino dos sonhos.

Obsessão por Rosas


pétalas vermelhas aveludadas como sangue coagulado não consigo parar de tocá-las sua textura me hipnotiza o perfume invade meus sentidos me transporta para jardins secretos onde cada flor sussurra segredos antigos rosas rosas por toda parte brotando das paredes do teto do chão elas crescem dentro de mim suas raízes entrelaçadas com minhas veias espinhos perfuram minha pele mas a dor é doce um lembrete de que estou vivo e elas também vivas pulsando com uma energia que não consigo compreender totalmente quero me afogar em um mar de rosas mergulhar em seu aroma intoxicante até que não haja mais nada além de vermelho e perfume e suavidade cada rosa é única um universo em miniatura de beleza e mistério conto as pétalas obsessivamente um dois três quatorze vinte e uma nunca é o mesmo número duas vezes as rosas zombam da minha tentativa de entendê-las elas são caprichosas mutáveis como o amor que representam amor ah o amor tão belo tão cruel como as próprias rosas atraentes e perigosas não consigo dormir sem um buquê ao lado da cama seu perfume infiltra meus sonhos tingindo-os de carmesim e ouro acordo com pétalas nos lábios não sei se as comi durante a noite ou se elas cresceram dentro de mim brotando de meu coração faminto por beleza planto rosas em cada centímetro do jardim elas sufocam todas as outras plantas mas não me importo só há espaço para rosas em meu mundo monocromático de vermelho e verde coleciono variedades raras gasto fortunas em bulbos exóticos cada nova flor é um tesouro a ser adorado fotografado preservado para a eternidade seco pétalas entre as páginas de livros de poesia transformo minha casa em um santuário de rosas pinturas de rosas tapeçarias de rosas esculturas de rosas até o papel de parede é um emaranhado de rosas trepadeiras às vezes penso que estou ficando louca mas então uma rosa desabrocha e toda a loucura faz sentido pois como se pode ser são em um mundo que produz tal beleza como se pode não ser consumido pela perfeição de uma única rosa multiplicada ao infinito rosas rosas rosas elas são meu início meu fim minha obsessão minha salvação minha ruína minha eternidade.



domingo, 24 de novembro de 2024

Solidão Noturna

A noite se estende como um gato preguiçoso
    Lambendo feridas invisíveis com sua língua de veludo negro

Conto ovelhas
    1... 2... 3...
        Elas se transformam em lobos
            Uivando para uma lua que se recusa a aparecer.

Asas no vazio


 


 Asas no vazio

 no quadrado do silêncio,

as sombras dançam.
asas negras,
pousos incertos,
se arriscam no branco.

folhas fixas,
movimento que não vem.
voam os olhos,
não os pés.

morcegos em versos,
silhuetas cortam o espaço.
um susto de tinta
no meio do acaso.

preto no branco,
formas em fuga.
quem vê?
quem fica?
sombras planam
sem barulho.

o escuro é pausa,
o claro espera.
asas no vazio
emolduram a quimera.

Morcegos me assombram

Morcegos me assombram,
Frutas em minha mente

Atormentam os pesadelos
Nas sombras, incessantemente.

Suas asas batem,
Refletindo a solidão.
Seus dentes no meu pescoço
Sugam a energia da multidão.

Morcegos me assombram
Em meus pesadelos:
Debaixo da cama,
Dentro do espelho.

Me vejo desnuda,
Com asas de morcego,
Olhando o reflexo

Em puro desespero.

As sombras me envolvem,

O espelho se parte.
Sou fragmento e vazio,
Sou caos que arde.

As asas, agora minhas,
Rasgam o véu da razão.
Um grito ecoa ao longe,
Perdido na escuridão.

Morcegos me assombram,
Mas já não fujo do medo.
Na dança das trevas,
Aceito meu segredo

terça-feira, 12 de novembro de 2024

O Natal Está Morto

 

 O Natal está morto,

O brilho se apagou,

As casas agora se preocupam

Com a conta de luz, que não perdoou.

As ruas estão vazias,
Sem passos a ecoar,
Os fogos não riscam o céu,
E o silêncio vem para reinar.

Familiares que brigam,
Palavras cortantes no ar,
Onde antes havia união,
Agora o ódio parece reinar.

As árvores, sem ornamentos,
São sombras de um tempo ido,
O espírito se perdeu,
Em um mundo atribulado e perdido.

E o Natal, que antes brilhava,
Hoje se esconde no passado,
Deixando atrás apenas
O vazio do que foi sonhado.

A Fome Disfarçada

 Lara tava ali no centro da cidade, quase amanhecendo, e finalmente encontrou o que tanto procurava: uma escova de dentes velha, largada num beco sujo. Era uma escova usada, claro, e qualquer um acharia aquilo nojento, mas pra ela tinha um significado: era a chave pra fingir que era uma pessoa normal. 


Ela pegou a escova com cuidado, o frio do metal lhe dando aquele arrepio esquisito, lembrando-a de que nem calor conseguia mais sentir. Foi quando um corvo pousou na janela de um prédio e ficou encarando. Ela riu de canto, achando engraçado como até os bichos pareciam perceber a fome que ela tentava segurar.


A necessidade de sangue apertava no peito como se tivesse uma fera presa dentro dela, louca pra sair. A fome tava a ponto de explodir, e ela sabia que não ia segurar muito mais. Mas não podia se dar ao luxo de perder o controle, não agora, não ali. Precisava esperar a cidade acordar, ver as ruas cheias de gente distraída, sem ideia do que andava entre elas.


Ela passou a língua pelos dentes, sentindo os caninos crescerem de leve. Mas segurou firme a escova, lembrando o que os mais velhos ensinaram: "Disfarça, disfarça até o fim." Colocou a escova no bolso do casaco, uma lembrança do que devia fazer.


Com o sol começando a espreitar e os humanos saindo pelas esquinas, o cheiro de sangue fresco invadindo o ar, ela respirou fundo — um hábito que há muito não tinha sentido — e se misturou na multidão. Por enquanto, o disfarce segurava, e a fome, embora latente, ainda estava sob controle...