segunda-feira, 23 de junho de 2025

quarta-feira, 5 de março de 2025


Eu derramei o vinho, minhas mãos tremiam 

eu lambi o vinho do chão suado com meu coração machucado

fluente em dor, sua voz treme em meu coração

o medo me afasta de tua boca

você estava nos meus sonhos, você era meu anjo 

que bebia em meus seios o vinho puro do amor


a noite escorre entre meus dedos como o vinho derramado

manchas vermelhas nas paredes do meu peito 

engasgo com as palavras não ditas

seus olhos são taças vazias que não consigo preencher

danço sozinha em meio aos cacos de vidro dos nossos silêncios

o gosto amargo da espera fermenta em minha língua


você me embriaga mesmo ausente

meu corpo é uma adega abandonada guardando memórias que ainda não aconteceram

de quando seus lábios provaram minha pele como se fosse o último gole

agora tremo na abstinência de seu toque

enquanto as horas gotejam lentamente como vinho em ferida aberta

e eu me afogo em sonhos cor de borgonha

Eu delirio nas nuvens te desejando.


Luciana A.Schlei

terça-feira, 28 de janeiro de 2025

L'ange de diamant

Anjo diamante

Persona inconstante 

Sabedoria anarquista

De improviso de artista


Asas de cristal partido

Voando sem destino

Entre o céu proibido

E o inferno infinito


Brilho de estrela caída

Na noite dos mortais

Uma graça corrompida

Nos becos marginais


Anjo de luz difusa

Dançando entre dois mundos

Sua beleza confusa

Seduz os moribundos


Diamante lapidado

Pelo tempo e pela dor

Um anjo machucado

De infinito esplendor.


Praia grande|28 de janeiro 2025



sexta-feira, 24 de janeiro de 2025

ARQUITETURA DE MEUS VÍCIOS



Arquitetura de meus vícios,

Colunas de absinto sustentam

Paredes do meu desejo

Caindo em ruínas...


Cada vício, um quarto secreto

Cada garrafa, uma porta entreaberta

Para labirintos de esquecimento

Onde a razão não penetra


Meu corpo é um território ocupado

Por exércitos de prazeres

Destruindo fronteiras

Da moral, da decência


Sou templo e prostíbulo

Sagrado e profano

Arquiteta de minha própria

Demolição lenta.






quinta-feira, 16 de janeiro de 2025

Ela o amou com seus espinhos...

 ...


Eagora o destroi com o mesmo

Acusando-o de agressão 

O agride pelas costas

Com espinhos da solidão.|■■■





Psiu no horizonte

 

Ouviu tão gentil

Oum psiu no horizonte
um misterio triunfante
calorosa presença distante,
que nutre a alma que esta presente
quem será aquele que chama ?
(tão intrigante),,.
olho para o sol no horizonte
vejo uma sombra que se esconde ,
se manifesta como um fantasma,
foge como o diabo da cruz no monte.
quem é esta voz tão constante? 
ouço não vejo,vou a frente sem almejo
por um minuto temo,
era apenas o reflexo do que fui ontem.

16/01/25 -praia grande SP


quinta-feira, 19 de dezembro de 2024

sábado, 7 de dezembro de 2024

Me proibiu de falar em rosas....

 | por pensar que era unica dona do jardim.|

      (Ela inteiramente ja havia roubado a Rosa de outros lugares e acreditava ser unica dona).


Há tantos jardins e rosas 

Tantas prosas. 

Mas sua obsessão por rosas

É sem fim.

Morda-me ou Delire

 ... suplemento de passagens secretas.

 Sou teu delirio,teu sonho

Toque seus labios em minha nuca

Ou esqueça -me em teus sonhos.

sábado, 30 de novembro de 2024

Meu amigo Lobo dos olhos âmbar

 Tenho um amigo lobo,

um eremita das florestas,
morador de uma morada solitária,
engolida pelo abraço da natureza.

É uma alma silente,
que degusta o néctar rubro do vinho,
e deixa seu uivo cortar o véu da noite,
uma oferenda à lua cheia.

Meu amigo lobo,
carrega a alma despida,
transparente como o cristal.

Mas por que tanto exílio?
Olha o arrebol tingir o firmamento,
com lágrimas que escorrem do ontem.
O presente é um eco distante,
esquecido nos confins do agora.

Ele coleciona retratos desbotados,
vestígios de lobas que partiram,
fugiram para estados além,
deixando rastros na memória.

O amor, uma dor cravada no peito,
não conhece epílogo.
Como um devoto do sofrimento,
ele se desfaz, gota a gota,
alimentando-se de lembranças.

Um canceriano, prisioneiro da sina,
que abraça o espinho da saudade,
e dança na chuva das suas próprias lágrimas.

terça-feira, 26 de novembro de 2024

Noturna Nômade





Sob o manto aveludado da noite,
Ela desperta, eternamente jovem.
Seus olhos, poços de séculos vividos,
Brilham com o fogo de mil luas.

Vampira boêmia, alma errante,
Dança entre sombras e luz de velas.
Seu sangue, vinho tinto envelhecido,
Embriaga-se de arte e liberdade.

Com unhas pintadas de escarlate,
Dedilha violinos fantasmagóricos.
Sua voz, um sussurro de eras passadas,
Canta baladas de amor imortal.

Nos cafés à meia-noite,
Conspira com poetas e pintores.
Sua pele de mármore reflete
O brilho efêmero de vidas mortais.

De cidade em cidade vagueia,
Caravana de um só membro.
Leva consigo apenas memórias
E uma sede insaciável por experiências.

Seus beijos, doces como absinto,
Embriagam almas desavisadas.
Mas seu coração, ah, seu coração,
Pertence à estrada e ao horizonte distante.

Nas noites de lua cheia,
Dança fogueiras com espíritos ciganos.
Seu vestido de seda negra rodopia,
Misturando-se às sombras da floresta.

Vampira, boêmia, cigana,
Três almas em um corpo eterno.
Imortal, porém sempre em busca
Da essência fugaz da vida.


segunda-feira, 25 de novembro de 2024

Sonhei com ovelhas de cor bordô




Sonhei com ovelhas de cor bordô,

rebordosa estava eu, inquieta.

Neste teatro onírico do subconsciente,
onde o absurdo dança com o sublime,
vi-me pastoreando pensamentos carmesins,
cada balido, um enigma a ser decifrado.

Rebordosa, sim - à beira de um precipício de ideias,
onde a lã se tece com fios de inquietação.
Será que conto ovelhas para dormir,
ou elas me contam para que eu desperte?

Em um mundo onde o normal é cinza,
sonhar em bordô é um ato de rebeldia.
Que mistérios se escondem nestes sonhos pigmentados?
Que verdades se revelam nesta inquietude noturna?

Acordo, e o mundo parece desbotado.
Mas em algum lugar, além do horizonte da consciência,
um rebanho bordô pasta serenamente,
esperando meu retorno ao reino dos sonhos.